quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Poema contido

Quero silêncio,
por isso emudeço.
Mas a mente não
obedece.
Não cala o 
pensamento indeciso,
conciso,
que não verbalizo.
Esta ausência 
de sentido faz-me
vazia de tudo
de todos.

Leikela

sábado, 9 de julho de 2022

Angústia


Idealizei alguém que não conhecia
Construí um castelo pro meu príncipe
Admirei cada traço que julguei tivesse
Apaixonei-me pela caricatura que não via 

Não sei se amei sua inconsistência
De quem muito fala e muito silencia
Não pude sentir a incoerência
De querer tanto bem a alguém
Que sequer meu nome pronuncia...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Livros: muitas viagens

Muitas viagens eu fiz
de avião, trem, navio e até canoa
a lugares distantes.
Alguns rios e mares
"nunca dantes navegados"
Estive em castelos sombrios
nos Morros Uivantes.
Em seringais colhi a seiva
da floresta, conheci barracão
onde soldados da borracha
se endividavam pelo pão.
Cruzei o lago do Monstro Ness,
nas Terras Altas da Escócia.
Tantos lugares visitei,
Vivi e me emocionei.
Como um ser de leveza insustentável,
não sei se o livro entrou em mim,
ou se fui eu que nele entrei.

@ladyraquel




segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Vésperas

Ó Cristo, luz do Pai,
ó Mãe de Deus, Maria,
José, que protegeis
o lar, com alegria.

Com flores de virtude
refulge o vosso lar.
Da graça a própria fonte
aí se vê jorrar.

Os anjos ficam pasmos
ao ver de Deus o Verbo,
vestido em carne humana,
servindo os próprios servos.

Embora sendo o último,
José, vós presidis.
Dais ordens a Maria,
aos dois, porém, servis.

Mais nobre que os palácios,
refulge esta mansão,
pois nela teve origem
do mundo a salvação.

Jesus, Maria, José,
do céu, onde reinais,
fazei que nossos lares
recebam vossa paz.

Por vós, ó Jesus Cristo,
cheguemos nós também,
com vossos pais, à glória,
pro lar dos céus,
Amém!

domingo, 6 de junho de 2021

A dança: expressão corporal e cultural


Dançar é um ritual de beleza.

Quando a música libera a alma,

mente e corpo flutuam

em movimentos 

que parecem reverências.

Na dança de olhares, 

em ardentes cadências

corpos estremecem.

E a arte em ritmo de poesia,

como uma segunda pele,

estica, aperta, molda, reveste;

os braços que enlevam 

revelam no passo final, 

sem ruptura, 

de dois apenas um,

como uma bela escultura.


II

Um ritual pré-histórico, 

sem recursos ou instrumentos sonoros,

corpos em movimento, não por indução

de uma melodiosa canção,

mas pela imaginação ou sensação causadas 

pelas batidas dos pés, das mãos e do coração;

do corpo, apenas braços e pernas como extensão,

para, através deles, expressar tudo o que

a linguagem insuficiente e rudimentar

não conseguia do significado alcançar.

Surgiram, assim, neste esforço 

de se fazer entender, como num teatro amador,

as primeiras pantomimas da comunicação.

São registros desenhados nos entalhes

simplórios, mas muito ricos em detalhes

gravados, encravados como quadros nas paredes

das cavernas dos nossos ancestrais,

para que, em outras eras, fossem as memórias

dos gestos, movimentos e expressões faciais; 

os traços de uma civilização: suas histórias.


III

Pagã, mitológica, religiosa, mística, gnóstica...

Foram surgindo ao longo do tempo 

diversidades de culturas criadas pelos povos,

para atrair saúde, sabedoria, alimento...

Ao chefe das tribos cabia

zelar pelo povo, cultivando a alegria;

e quão bela era a nação reunida,

enfeitada com adornos e pinturas,

na execução da arte também pela vida.

Em cultos de adoração, fé e medo,

astros-deuses como o sol e a lua

detinham da dança sagrada o segredo

de fazer chover e do mal proteger,

gerando homens fortes para a guerra vencer.

Dos céus vieram também outros deuses,

que a mitologia estendeu para a terra e o mar

Criando outras artes tão belas, embora nenhuma delas

superasse a arte de dançar;

tanto que até a bíblia discorre sobre um 

jovem galileu, que dançava alegremente

numa festa, nas bodas de um amigo seu.


IV

E como a dança, a arte avança. Em pares ou em rodas

encadeadas como um grande balé ainda em originalidade.

Do teatro aos salões, a nobre coreografia, ao som de

O Lago dos Cisnes e O Quebra Nozes, de Tchaikovsky, 

os braços se abraçam e os pés, em ritmo constante,

deslizam na metalinguagem do baile em suaves voltas.

A valsa oficia a primeira dança da jovem debutante

e sacramenta no casamento o elo que simboliza a união.

Por isso, é sempre contemporânea, simultânea, eterna.

Fenômeno social sempre em evolução,

é o ritmo da música que dá força e expressão

à coreografia, do grego koreos (dança) e grafia (escrita),

que faz o dançarino delinear o espaço com o corpo

e, à sua maneira, comunicar-se com o som.

Sentir, escutar, deixar-se levar pelas sensações, emoções...

Dançando, imitando, revelando fatos em atos,

representando em cada dança uma prática cultural.

E nesta fusão da arte com o homem, 

abstrato e concreto, num jogo personificado,

completam-se na suave beleza do bailado.

Raquel Santos


 

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Paixão

Meus olhos são duas janelas
abertas para o mundo
eles traçam no abrir e fechar
O roteiro do meu dia
Assim decido em 1 segundo
Sentir alegria ou melancolia
Depende de mim sorrir ou chorar.
Mas as melhores cenas
são as que vejo 
com olhos fechados.
A mente fantasia nossa cama 
como palco, onde explode 
a emoção. 
Um amor tão puro, maduro
Sentido em cada toque
Curvas, relevos, marcas do tempo
Que imploro você provoque
De olhos fechados até sentir
Meu corpo entregue sucumbir.
#ChácomLetras 
@ladyraquel42

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Outra Vez

Qd triste, olhei pro céu
Vi no imenso universo
Descortinar-se um véu
Em meu silêncio imerso
Ouvi a voz da natureza
Como num grande teatro
Um divino espetáculo
Encenado ato por ato
Mostrou-me a pequenez
Do meu dilema
Como por encanto,
Meu mundo se refez
Eis-me em cena,
Outra vez!

Literatura

Literatura

A literatura ensina e faz o mundo todo caber dentro dos versos de um poema, nas linhas de um romance e nas entrelinhas que deixam escapar su...